quarta-feira, 12 de maio de 2010

Center 3


As mãos pareciam não responder,os comandos fugiam mais rápidos que os pensamentos.É engraçado,te conheço milimétricamente,e ali,a minha frente,encontrava um estranho,um lindo estranho, pouco pálido, tímido, soava quase que como um primeiro encontro, o nervosismo era de tal.Insegurança, as voz e as palavras eram em tons baixos,feitas num intervalo tão grande, que se era capaz de calcular a velocidade com qual elas chegavam ao meu ouvido,e a distancia entre os pés inquietos em baixo da mesa.
O leite era quente,mas nossos toques,as mãos estavam tão frias,e eu quieto,esperava que você conduzisse tais movimentos.E lá estava,num descuido de orgulho,uma mão pousava sobre a outra,com tanto cuidado,como se houvesse farpas capazes de ferir um ao outro, engano, elas continuavam tão macias!
Na nossa inquietude,já em outra mesa,nada,absolutamente,nada doque precisava ser dito,parecia ter coragem de se tornar audível,ou pelo menos existente,palpável,tudo era apenas sentido, e tragado num suspiro de volta ao interior da falta.
De pé,no ritmo em que seguiam os passos,seguia também as poucas palavras,descompassadas,tímidas, e a cidade sempre tão cheia de sons, parecia aquietar-se,diante do barulho das pisadas que nos levavam até aquele lugar de pouca luz e muitas lembranças.
"Me abraça?"
Como eu senti a sua falta,eu queria gritar que ali era onde eu queria estar,eu esperava calado e ansioso por esse reencontro; mas sua boca não deixou eu dizer coisa alguma,me tomou o ar,o fôlego,me tirou a consciência,e me fez esquecer o orgulho que tanto nos limitava.Porem senti que algo ficou,ao certo não sei explicar oque, mas alguma coisa me mantinha ali sentado, não me deixando ir alem daquele passado presente.
"Hora de ir?"
E mais uma vez não houve resposta, calaram-se duas bocas,uma na outra,ambas repletas de textos decorados a serem ditos,mas que ali, já não faziam o menor sentido.
"Chega,vai ser melhor!"
Quantas vezes,fizemos,pensamos, noque era melhor,e nos tornamos tristes.Se pensa sempre que o correto,o coerente, é olhar pra frente, mas se você, naquele, e em tantos outros momentos, tivesse olhado pro lado, teria percebido que o "melhor" da questão não era o mais conveniente.
Segue agora passos mais rápidos,e na rua, pessoas desconhecidas,estorias desconhecidas,sons familiares,e tudo exatamente igual,estranhamente abstrato e sem explicações lógicas.Os olhos agora tomavam outras direções, o orgulho e a consciência tomavam novamente seus lugares,com um peso extra, de culpa.
Naquela esquina,onde tantas vezes passamos sorrindo, você escolheu parar, e me estender os braços e jogar no vento uma promessa quase que covarde de :"Eu te amo pra sempre".Fazia tanto frio,e seus braços já não eram o suficiente.Eu quem deveria ter me agasalhado,me protegido desde o começo,era tarde em alguns aspectos.Então calei-me diante da minha também extrema covardia,e segui na direção oposta,com o gosto do "Eu também" preso entre os lábios e a razão.Você sabia o porque do silencio,e também seguiu.Naquela noite, mas uma vez, eu tinha ignorado os fatos, e não abri as janelas ,pra perceber que eu não poderia reverter o "tempo".O frio estava dentro de mim.

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